Datilografado por: Leeh Lopes
“Amor
é uma fumaça que se eleva com o vapor dos suspiros; purgado, é o fogo
que cintila nos olhos dos amantes; frustrado, é o oceano nutrido das
lágrimas desses amantes. O que mais é o amor? A mais discreta das
loucuras, fel que sufoca, docura que preserva.” – Romeu, Shakespeare.
Datilografado por: Leeh Lopes

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Anne Fortier
Capa do livro:

Análise da capa: Muito
bem feita e criativa, o título do livro está em alto relevo em letras
que lembram ouro. Ao fundo vê-se a cidade de Siena com um aspecto velho e
antigo, e a rosa parcialmente queimada pode representar o amor e a
maldição perpetuadas pelo tempo.
Ficha técnica:
Páginas: 448
Autora: Anne Fortier
Tradução: Vera Ribeiro
Formato: Brochura
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Sinopse
Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena, na Itália, mas desde os 3 anos foram criadas nos Estados Unidos por sua tia-avó Rose, que as adotou depois de seus pais morrerem num acidente de carro. Passados mais de 20 anos, a morte de Rose transforma completamente a vida de Julie. Enquanto sua irmã herda a casa da tia, para ela restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente: seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei. A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar, muito antigo e misterioso. Mesmo acreditando que sua busca será infrutífera, Julie parte para Siena. Seus temores se confirmam ao ver que tudo o que sua mãe deixou foram papéis velhos – um caderno com diversos esboços de uma única escultura, uma antiga edição de Romeu e Julieta e o velho diário de um famoso pintor italiano, Maestro Ambrogio. Mas logo ela descobre que a caça ao tesouro está apenas começando. O diário conta uma história trágica: há mais de 600 anos, dois jovens amantes, Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti, morreram vítimas do ódio irreconciliável entre os Tolomei e os Salimbeni. Desde então, uma terrível maldição persegue essas duas famílias. E, levando-se em conta a linhagem e o nome de batismo de Julie, ela provavelmente é a próxima vítima. Tentando quebrar a maldição, ela começa a explorar a cidade e a se relacionar com os sienenses. À medida que se aproxima da verdade, sua vida corre cada vez mais perigo. Instigante, repleto de romance, suspense e reviravoltas, Julieta – livro de estreia de Anne Fortier – nos leva a uma deliciosa viagem a duas Sienas: a de 1340 e a de hoje. É a história de uma lenda de mais de 600 anos que atravessou os séculos e foi imortalizada por Shakespeare. Mas é também a história de uma mulher moderna, que descobre suas origens, sua identidade e um sentimento devastador e completamente novo para ela: o amor.
Ao ler Julieta, esqueça tudo o que lhe contaram sobre Romeu e Julieta
Havia muito tempo um livro não me surpreendia
tanto quando Julieta de Anne Fortier. O livro é uma adaptação contemporânea da
aclamada peça teatral Romeu e Julieta de William
Shakespeare. Mas não podemos nos prender a original e pensar que os desenrolar
e o curso dos acontecimentos serão o mesmo, porque de uma forma simples Anne
conseguiu transformar Julieta em algo original.
Eu ainda não havia ouvido falar do livro quando
uma professora me indicou e ainda por cima me emprestou um exemplar do livro.
No início, fiquei meio receosa pensando que seria meio piegas e como uma fã incondicional
de Shakespeare, imaginei que não iria gostar e que encontraria defeitos em
tudo. Mas, sempre tem aquele frase de não julgar o livro pela capa, ou pelo
nome. Anne pegou uma história maravilhosa e a reformulou de forma fascinante. Enquanto
lia, me sentia Robert Langdon em O Código da Vinci porque possui
muito suspense e mistério, e somos instigados a resolver junto com os
personagens.
A narração flui rápida e é em terceira pessoa do
singular. Mas não ficou superficial ou distante dos fatos narrados. Pelo
contrário, enquanto estamos lendo, não conseguimos admitir que aquilo é um
simples fruto da mente de uma mulher. Pensamos ser uma envolvente história que
está sendo narrada por uma amiga ou amigo e suas aventuras na linda Itália.
Inspirado ou baseado não significa que seja
igual. A primeira diferença entre o livro de Anne e a peça de Shakespeare é o
lugar onde a história é ambientada. Na da primeira é em Siena, na do segundo em
Verona.Os cenários são narrados com familiaridade de forma a encantar os
leitores com os lugares por onde os personagens passam. Aliás, os patriotas
italianos do livro dizem que foi realmente em Siena o lugar do Romeu e da
Julieta.
Tudo começa quando a tia de Julie Jacobs, Rose,
falece. De herança ela deixa tudo para a arrogante irmã de Julie, Janice, e
para ela apenas uma carta entregue pelo mordomo Umberto que onde exige que ela
vá até Siena e procure por um antigo tesouro deixado por sua falecida mãe Diana
em uma banco da Itália, que aliás é seu país natal. Ao chegar nesse banco seus
pensamentos se confirmam e não há tesouro algum, apenas papeis e objetos velhos
que para ela e para o resto do mundo não possuem nenhum valor. Mas ela vai
encontrar pessoas que mudarão o curso de sua vida, principalmente Alessandro
Marescotti; vai encontrar uma família com a qual foi nunca conviveu desde a
morte dos seus pais, quando tinha 3 anos; e simples coisas velhas vão revelar
que tudo em que acreditou em sua vida vão desmoronar diante dos seus olhos.
A história de Anne muda nosso conceito prévio sobre Romeu e Julieta e seus personagens marcantes. De tragedia dramática, o livro Julieta nos deixa a marca que foi muito além do amor proibido entre dois jovens mais também uma disputa pelo poder, amor, ódio, dinheiro, fé, maldições, discódias e nos traz passagens emocionantes e algumas com um toque de thriller para colocar um pouco de algo macabro em uma passagem. A disputa entre os Montechio e os Capuleto se tranforma na rivalidade e disputa por poder entre os Tolomei e os Salimbeni, e mais tarde com os Marescotti.
Julie e Alessandro não formam um casal de adolescentes imaturos e infantis, eles já são adultos e sabem o que fazem. Tem atitudes sensatas e muitas vezes protagonizam cenas divertidas. A emoção não fica restrito aos casais centrais, mas também aos personagens que os cercam.
No livro também estão presentes as tradições do
povo de Siena e há muito misticismo religioso, que são cruciais para oferecer
os mínimos detalhes da história, como o Palio, mostrado na figura acima.
A narração se intercala entre dois períodos: um
em 1340, onde teria ocorrido a verdadeira história de Romeu e Julieta,
e não em Verona, como Shakespeare nos contou. Nesse período a narração é em linguagem
formal, mas acessível, de fácil entendimento e não se limita ao fim tão
conhecido da versão original. Anne vai além e conta o que aconteceu depois aos
demais personagens, não só os centrais, mas também aos descendentes que
perpetuaram a história e conseqüentemente uma maldição. O outro período é
narrado nos dias de hoje, mostrada principalmente sob a ótica de visão de
Julie. E é recheada de momentos de suspense e ação em que prendemos o fôlego
como se estivesse acontecendo conosco.
As partes mais engraçadas foram protagonizadas
por tia Rose, Julie e Janice, que juntas brigam e nos fazem rir.
A história se relaciona com o par central, mas
Romeu e Julieta não define o curso dos acontecimentos. Somos
instigados a resolver os enigmas lançados no enredo, o suspense está presente
em quase tudo e aumenta a curiosidade em querer saber como aquilo vai terminar.
Existem muitas revelações que são feitas, as
quais sob hipótese alguma havíamos cogitado que seriam explicações para alguns
fatos. Nesse livro, nada mencionado é sem importância, por isso é bom prestar
atenção em tudo para entender o final e o clímax.
Os personagens forma muito bem explorados e nos
provocaram as emoções certas nos momentos certos. Cada atitude deles nos
provoca lago: ódio, simpatia, desconfiança, amor e desprezo. O romance presente
na trama forma uma espécie de espelho, no qual o passado sempre formará
fantasmas nos presente e pode definir o futuro. Alessandro e Julie não formam
um casal imaturo, infantil e melodramático. Pelo contrário, ficamos esperando
eles aparecerem juntos o tempo todo. E aos poucos vamos sabendo que as relações
entre eles não surgiu do nada.
Bem, eu só penso que a escritora fez Julie
insegura demais. Ela fica o tempo todo se comparando à irmã Janice, em tudo o
que vai fazer ou que acontece com ela. Até mesmo quando está feliz ela tem que
vir com algum pensamento sobre a irmã. Outra coisa foi o fato de Anne ter
focado no casal e acontecimentos de 1340 e deixar um pouco de lado Julie e
Alessandro que não aparecem muito juntos( mas quando aparecem, vale a pena ler
essas partes. Nem tanto pelo romance, mais pelas falas inteligente). Mas, não
posso dizer que eles se apaixonaram rápido porque não podemos sentir o que
outra pessoa sente nesse momento. Outra coisa é que, como Alessandro disse,
Julie deixa que sua vida seje conduzida pelas histórias de Shakespeare.
Há muita ação e aquele inconfundível clima de que
algo está acontecendo “por trás dos panos” e a narração nos instiga a descobrir
o que é e o resultado final são revelações e acontecimentos arrebatadores.
O clímax foi habitado na Catedral de Santa
Catarina della Scalla e traz cenas de ação e emoção, misturadas ao romance e
com um desfecho perfeito, emocionante e inteligente. O desfecho pode até ter
passado pela nossa mente, mas foi descrito de forma a nos surpreender e
emocionar.
Uma coisa muito criativa foram os capítulos, que sempre começavam com um poema ou uma frase bem construída e profunda.
Meu personagem preferido foi o Frei Lorenzo, no começo ele tem pouca articipação mas sua ações vão tendo cada vez mais importância na trama. É necessário ficar atento a tudo o que vai acontecendo para que depois o desfecho faça sentido, esclareça muita coisa e nos ofereça pistas para desvendar os mistérios existentes na históris, principalmente as revelções mais arrebatadoras.
Mesmo para quem não tem costume, indico ler os agradecimentos presentes no final do livro, a escritora preenche algumas lacunas que ficaram vazias e esclarece algumas dúvidas.
Ainda vi notícias na internet sobre o fato de o livro virar filme, talvez com outro nome mas baseado no livro de Anne Fortier.
Classificação:5/5
Boa Leitura!